sexta-feira, 6 de junho de 2008

Cancro colo-rectal: Combinação de quimioterapia com nova substância obtém resultados positivos - estudo

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

2008-05-30 00:00:01
Lisboa, 30 Mai (Lusa) - Um estudo clínico que está a ser feito em Portugal sobre o cancro do cólon mostra que uma nova combinação da quimioterapia tradicional com a substância activa cetuximab produz resultados positivos em 58 por cento dos doentes.

"Não se trata da cura da doença mas de um passo muito importante para melhorar a eficácia do seu tratamento", disse o investigador principal do estudo e director do serviço de oncologia do hospital de Évora, Sérgio Barroso.

O "maior ensaio clínico feito em Portugal" é da responsabilidade do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo, que apresentou quarta-feira em Lisboa os resultados preliminares do ensaio, mas que só hoje é divulgado no Congresso da Sociedade Norte-americana de Oncologia.

Quarenta e oito doentes com cancro colorectal metastizado submeteram-se, no âmbito deste ensaio, a um tratamento que consiste na quimioterapia tradicional combinada com um novo medicamento, cuja substância activa é o cetuximab, explicou Sérgio Barroso.

Do total, 58 por cento dos doentes apresentaram, ao fim de cerca de seis meses de tratamento, melhorias no seu estado de saúde, nomeadamente na redução do tamanho ou eliminação das metástases.

Em duas pessoas verificou-se a remissão total da doença, disse Sérgio Barroso, adiantando que em 29 por cento dos casos a doença estabilizou.

A substância activa que está a ser combinada com a quimioterapia tradicional já é utilizada há cerca de três, quatro anos no tratamento de doentes com metástases, mas de forma isolada, sendo a conjugação a novidade.

De acordo com o investigador, o tratamento com esta substância é menos tóxico, dado que ela actua "preferencialmente na célula tumoral", ao contrário da quimioterapia tradicional que actua de forma indiscriminada.

Este tratamento tem-se mostrado "bastante eficaz e bem tolerado", referiu o médico, salientando que há estudos semelhantes que estão a ser feitos noutros países com resultados idênticos.

A análise envolveu 48 doentes com idades entre os 44 e 75, 66 por cento do sexo masculino, provenientes de 11 centros hospitalares do país que nunca tinham recebido qualquer tratamento, apesar do estado avançado da doença.

O estudo foi apoiado por uma multinacional farmacêutica que também forneceu gratuitamente a substância.

Quanto ao custo desta substância, o médico limitou-se a dizer que é de "várias centenas de euros", acrescentando que o tratamento está a ser gratuito para os doentes englobados neste ensaio.

O estudo começou a ser feito em 2006 e vai prolongar-se até ao fim da vida dos doentes.

De acordo com dados divulgados durante a apresentação do estudo em Lisboa, morrem diariamente em Portugal 10 pessoas vítimas deste carcinoma.

Estima-se que existam mais de 6.000 novos casos por ano em Portugal, sendo o cancro colo-rectal o segundo carcinoma mais mortífero em todo o mundo.

Medicamento controlado é principal método abortivo no país

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil



Brasília - Venenos, líquidos tóxicos, instrumentos perfurantes e a ação de parteiras, métodos utilizados para realizar abortos no país até a década de 80, foram substituídos nos últimos 20 anos pelo uso do medicamento de venda controlada misoprostol, conhecido como Cytotec.

Indicado para problemas gástricos, a substância capaz de interromper a gestação foi usada por até 84% das mulheres que fizeram abortos no país de 1997 a 2007. Na década de 80, medicamentos eram usados como métodos abortivos apenas entre 10 e 15% dos casos.

As informações fazem parte do Relatório Aborto e Saúde Pública no Brasil, elaborado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UNB) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) com base em mais de 2 mil pesquisas sobre aborto no país publicadas nos últimos 20 anos.

De acordo com antropóloga Débora Diniz, da Unb, embora o uso da substância tenha reduzido os riscos para a saúde das mulheres associados ao aborto, trouxe outros problemas.

“Nos anos 80, tínhamos mulheres perdendo o útero e com processos infecciosos graves. Com a entrada do misoprostol, o período de internação e as seqüelas associadas ao aborto diminuem consideravelmente no cenário brasileiro. Mas a única experiência verdadeiramente segura para as mulheres praticarem o aborto seria uma lei que o autorizasse, porque todas as outras formas impõem uma série de riscos. Dizer que diminuiu a morbidade não significa ignorar que há riscos numa prática ilegal ”, afirmou.

Entre os novos riscos, ela aponta as evidências de que o Cytotec esteja sendo comercializado por traficantes de drogas, em muitos casos com a composição adulterada, favorecendo a aproximação dos compradores com o mundo do crime.

Além disso, Diniz destacou o uso do medicamento sem orientação médica, que, por ser ingerido em subdoses, exige atendimento médico para completar o abortamento e combater as reações decorrentes do processo inicial, como hemorragias e dores abdominais.

Segundo ela, em doses adequadas, o medicamento pode interromper a gestação em 90% dos casos sem necessidade de atendimento médico. Como exemplo, ela citou a experiência de Cuba, onde o misoprostol vem sendo adotado como método abortivo doméstico por indicação do governo.

As mulheres que responderam as pequisas normalmente procuram os hospitais públicos nas primeiras 24 horas depois de usar o medicamento, com dores abdominais e sangramento. Entre 9,3% e 19% delas apresentavam sinais de infecção. Na maioria dos casos, o tempo de gestação era de até 12 semanas e a internação durou em média um dia.

Além do Cytotec, os estudos também registraram o uso de chás e ervas em até15% dos abortos induzidos. Os dados do relatório dizem respeito apenas à realidade de grandes cidades onde foram concentradas as pesquisas e incluem somente informações de mulheres que começaram o processo abortivo em casa e acabaram buscando os hospitais públicos para completá-lo.

De acordo com Cristião Rosas, presidente da Comissão Nacional de Violência Sexual e de Interrupção da Gravidez nos Casos Previstos em Lei, da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o misoprostol é contra-indicado para pacientes anêmicas, com problemas hepáticos e cardíacos, que usem anticoagulantes ou que já tenham passado por cesariana.

Ele destacou, no entanto, que, usado sob critérios médicos, o remédio é muito eficiente na área obstétrica em casos de indução do trabalho de parto, abortamentos retidos e hemorragias pós-parto, contribuindo para a redução da mortalidade materna.




http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/04/25/materia.2008-04-25.7699078514/view

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Regras para anorexígenos começam a valer

Brasília, 4 de janeiro de 2008 - 15h25
Regras para anorexígenos começam a valer

Entrou em vigor nesta quinta-feira (03) a RDC 58, que estabelece critérios ainda mais rígidos para a prescrição e comercialização de anorexígenos (moderadores de apetite). A principal mudança é um novo tipo de receita médica, criado especificamente para estes medicamentos.

A prescrição e a dispensação (entrega ao paciente) de medicamentos ou fórmulas que contenham substâncias psicotrópicas anorexígenas ficam sujeitas à notificação de receita do tipo “B2”. A receita, de cor azul, terá validade máxima de 30 dias.

Outras mudanças

Os medicamentos ou fórmulas com finalidade exclusiva de tratamento da obesidade deverão respeitar a dose máxima diária recomendada conforme a resolução. A dose de medicamentos à base de femproporex, por exemplo, não deverá ultrapassar os 50,0 mg/dia.

Ficam proibidos os medicamentos que contenham substâncias anorexígenas associadas entre si ou com ansiolíticos, antidepressivos, diuréticos, hormônios e laxantes.

O descumprimento das novas exigências fica sujeito às sanções da lei 6437/77. A lei estabelece penalidades que chegam até à interdição do estabelecimento e multas que variam entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão. Ao farmacêutico responsável pelo estabelecimento também cabem as sanções do conselho profissional competente.

Informação: Ascom/Assessoria de Imprensa da Anvisa
http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/040108.htm

domingo, 4 de maio de 2008

Chá verde potencia efeito de antibióticos em bactérias resistentes aos fármacos


Chá verde potencia efeito de antibióticos em bactérias resistentes aos fármacos
Estudo apresentado na Society for General Microbiology de Edimburgo
Outros destaques deste dia
O chá verde pode potenciar os efeitos dos antibióticos contra bactérias resistentes aos fármacos, de acordo com um estudo da Universidade de Alexandria, no Egipto, e apresentada no encontro da Society for General Microbiology, em Edimburgo, Escócia.

De acordo com o estudo, liderado por Mervat Kaseem, da Faculdade de Farmácia da universidade, foi avaliada a eficácia do chá verde em 28 microrganismos de estirpes diferentes.

Em todos os casos, verificou-se que o chá verde reforçou a actividade anti-bacteriana dos antibióticos. Por exemplo, o efeito aniquilador do cloranfenicol era 9.9% maior quando tomado em conjunto com o chá verde.

A equipa de cientistas também verificou que o chá verde aumentava a eficácia da cefalosporina em 20% das bactérias resistentes aos medicamentos.

ALERT Life Sciences Computing, S.A.

10 de Abril de 2008
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terça-feira, 29 de abril de 2008

INVESTIMENTOS EM PESQUISA DE FÁRMACOS NO BRASIL AINDA É PEQUENO




Apesar de a produção de medicamentos no Brasil ter aumentado nos últimos anos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica, o investimento em pesquisa e desenvolvimento de fármacos continua incipiente. Os recursos para pesquisa provêm basicamente das agências federal e estaduais de fomento, embora alguns laboratórios privados comecem a apostar em parcerias com as universidades, o que poderá minimizar a defasagem do Brasil em relação a outros países, quanto aos investimentos privados em P&D. Alguns indícios fazem crer que o investimento em pesquisa de fármacos está crescendo no país. Uma das dificuldades, porém, para avaliar quantitativa e qualitativamente esse investimento é a própria falta de dados sistematizados específicos para o setor.
Estatísticas da Coordenação de Programas de Pesquisa em Saúde do CNPq, por exemplo, mostram apenas um panorama geral do investimento da instituição por área de conhecimento. De 1998 a 2000, o investimento total do CNPq em Farmacologia, incluindo bolsas de estudo e fomento à pesquisa, subiu de R$ 4,6 milhões para R$ 5,6 milhões. Em farmácia, subiu de R$ 2,5 milhões para R$ 3,2 milhões. Grande parte da produção de fármacos, no entanto, pode ter origem na pesquisa em Química, uma das áreas que mais receberam recursos do CNPq, no ano passado. O difícil é dizer quanto dos R$ 22,4 milhões investidos em Química se destinaram ao desenvolvimento de fármacos. Outra área que também pode gerar produtos farmacológicos é a Bioquímica, que recebeu R$ 11,1 milhões do CNPq em 2000. Grande parte do incremento de investimento do CNPq se deve ao Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), que em Farmacologia e Bioquímica representa quase 50% dos recursos de fomento à pesquisa.
Apesar desse incremento, alguns pesquisadores se queixam da falta de recursos para a atividade de pesquisa. Segundo a coordenadora de pós-graduação em Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Maria Consuelo Marques, os recursos para o Departamento de Farmacologia da UFPR não ultrapassam R$ 10 mil por ano. "Esse financiamento vem da própria universidade. O CNPq não financiou os recém doutores emergentes na década de 90", afirma. Ela diz que as pesquisas na universidade buscam, em geral, desenvolver medicamentos mais baratos para doenças frequentes, como as cardiovasculares, além de remédios específicos para doenças tropicais. "Essas drogas mais baratas ou de mercado restrito não são de interesse das multinacionais, que já comercializam produtos muito lucrativos", diz a pesquisadora. Apesar da queixa em relação ao apoio a novos doutores, ela elogia o recém criado programa do CNPq de fomento à pesquisa em fitoterápicos (veja notícia na Com Ciência), pois ele "abre a perspectiva de incentivar a integração entre universidade e empresa de forma atrativa", declara.
A parceria entre universidade e empresa vem sendo realizada também em alguns projetos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Um deles, envolvendo o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e a Aché Laboratórios Farmacêuticos, contou com R$ 182 mil investidos pela Fapesp e R$ 42 mil pela Aché, para a produção de fármacos com ação antiinflamatória. O mesmo ICB realizou um projeto para desenvolvimento de anti-hipertensivos com os Laboratórios Biosintética, no qual a empresa entrou com R$ 400 mil e a Fapesp não desembolsou nada. A Fundação também possui um Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe), que já financiou projetos como o da Genosis Biotecnológica. Esta empresa recebeu da Fapesp R$ 66 mil para pesquisar formulações farmacêuticas ligadas à produção do hormônio de crescimento humano. O presidente do Conselho Superior da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, diz que esse programa não só integra universidade e empresa como estimula esta última a absorver pesquisadores capazes de inovação e desenvolvimento tecnológico. "A abertura da economia brasileira expôs a empresa a uma competição internacional violentíssima, o que a fez perceber que um dos ingredientes importantíssimos da competitividade é a capacidade própria de desenvolver tecnologia", afirma Cruz. Uma das exigências importantes do Pipe é que o pesquisador principal tenha vínculo empregatício com a empresa. "A sua lealdade tem que ser com a empresa, o seu salário tem que vir da empresa", explica Cruz.
Uma das instituições onde a atividade de pesquisa, desenvolvimento e produção de fármacos cresceu significativamente nos últimos anos é o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Far-Manguinhos), laboratório público da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculado ao Ministério da Saúde. Far-Manguinhos vendeu cerca de R$ 8 milhões em medicamentos em 1997. Essa venda saltou para cerca de R$ 70 milhões em 1999, tendo como destaque os remédios anti-retrovirais comprados pelo Ministério da Saúde para os pacientes soropositivos (veja reportagem especial na Com Ciência). A participação dos laboratórios públicos brasileiros na produção adquirida pelo governo federal, que em 1999 estava abaixo de 20%, em 2000, passou dos 50%. No ano passado, o valor da receita de Far-Manguinhos, incluindo venda de medicamentos e orçamento da União, foi de R$ 109 milhões. No primeiro semestre de 2001, essa receita já atingiu R$ 79 milhões. Em 2000, os gastos com pesquisa e desenvolvimento tecnológico na Fiocruz representaram 26% das despesas totais em programas da instituição.
No setor industrial, as cifras são de outra ordem, mas não se sabe ao certo quanto é investido em P&D de fármacos. O faturamento da indústria química de base com produtos farmacêuticos caiu de US$ 7,6 bilhões, em 1998, para US$ 5,6 bilhões, em 1999, repetindo este último desempenho em 2000. Esse segmento da produção responde por 13% do total faturado pelo setor. Já na indústria de química fina, que produz princípios ativos e intermediários, os fármacos representam 67% do faturamento total. Este, a exemplo da indústria química de base, também vem caindo nos últimos anos. O faturamento com farmoquímicos caiu de US$ 598 milhões, em 1998, para US$ 551 milhões, em 2000, e com produtos farmacêuticos, de US$ 10,31 bilhões, em 1998 para US$ 7,48 bilhões, em 2000. Grande parte desse faturamento é gasto em importações, e não se sabe ao certo quanto é destinado para P&D. "A impressão que temos é que esses investimentos no Brasil são muito baixos", diz Rose Amanthéa, da Associação Brasileira das Indústrias Químicas (Abiquim), entidade que congrega cerca de 150 indústrias químicas de grande, médio e pequeno portes. "A maioria das empresas é multinacional, e elas costumam desenvolver seus produtos lá fora", completa.
(RC)


Atualizado em 10/10/2001
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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Chegou a pílula antibarriga: rsrsrs

Redação O Estado do Paraná [16/04/2008]

Dentro de duas semanas, de acordo com representantes do laboratório Sanofi-aventis, chega às farmácias brasileiras, o sonho de consumo das pessoas que estão com a circunferência abdominal acima das medidas preconizadas pelos médicos. Só que a “pílula antibarriga”, como está sendo chamada não é um remédio para todos e sua indicação para fins estéticos não é recomendada. O rimonabanto, cujo nome comercial é Acomplia, só será vendido com a apresentação de uma receita controlada. O custo da caixa com 28 comprimidos será acima de R$ 200,00 (duzentos reais).
Para Marcos Tambascia, endocrinologista e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o rimonabanto deve ser indicado de forma associada à dieta e aos exercícios físicos para o tratamento de pacientes obesos, com índice de massa corpórea (IMC) maior ou igual a 30 kg/m2. “Pessoas com sobrepeso - IMC maior do que 27 kg/m2 portadores de fatores de risco associados, como diabetes tipo 2 e dislipidemia também são candidatos ao tratamento”, reconhece, salientando que o remédio deve ser indicado para o paciente “correto”.
Bom para o coração
Foto: Stefan Pathay
Alfredo Halpen, endocrinologista:
A pílula deverá ser indicada somente para as pessoas que tiverem o perfil indicado.De acordo com as pesquisas, a pílula antibarriga ajuda a melhorar sintomas de diabetes, níveis de colesterol e de triglicérides aumentados. O endocrinologista e chefe do grupo de obesidade e síndrome metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo, Alfredo Halpern lembra que qualquer método de sucesso utilizado para perda de peso - dieta, atividade física e alguns medicamentos - consegue equilibrar esses índices. “Só que o uso do rimonabanto acelera a perda de gordura abdominal”, afirma. O especialista lembra que a obesidade não tem cura, só controle, por isso, o medicamento deve ser usado para sempre. “Se parar, volta a engordar”, emenda.
Os médicos não se cansam de avisar que o excesso na circunferência abdominal pode trazer mais propensão às doenças cardíacas. Nos últimos anos, tem ficado mais claro que a distribuição de gordura é muito importante ao se considerar as conseqüências da obesidade. Álvaro Avezum, cardiologista e diretor da divisão de pesquisa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo, comenta que o resultado de um estudo realizado pela Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, indicou que o remédio, prescrito para redução do nível de gorduras na barriga, ajudou a desacelerar a formação de placas de ateroma, assim como seu acúmulo nas artérias coronarianas. “O estudo também apontou que a taxa de colesterol HDL (bom colesterol) aumentou e, em contrapartida, a taxa de triglicérides diminuiu”, realçou.
Reações adversas
Marcos Tambascia, endocrinologista:
O ribonabanto tem algumas contra-indicações expressas, não podendo ser usado por pacientes que usam antidepressivos.Avezum lembrou que todo tipo de remédio possui efeitos colaterais, podendo provocar reações adversas. O rimonabanto é contra-indicado para pacientes que fazem usos de antidepressivos ou que, ao longo da vida, passaram por episódios depressivos. De acordo com Jaderson Lima, diretor médico-científico do laboratório, dentre as queixas apresentadas pelos mais de 500 mil pacientes já em tratamento (o Acomplia já é comercializado em mais de 30 países, desde 2006) estão náuseas, tonturas e alguns tipos de alterações do humor, principalmente a ansiedade. “Todos os eventos adversos relatados foram transitórios e de intensidade leve”, garante o diretor.
Os representantes da Sanofi-aventis fizeram questão de ressaltar que o laboratório não faz venda pela internet. “O produto só pode ser vendido sob prescrição médica, quem promover outra forma de comercialização pode estar trazendo riscos ao paciente”, denuncia Alfredo Halpern. Outra advertência dos médicos é de que o remédio não é um moderador de apetite, atuando por meio do bloqueio seletivo de receptores encontrados no cérebro, tecido adiposo, músculo-esquelético, fígado, sistema gastrintestinal e pâncreas.*
Contra a síndrome metabólicaUm amplo programa de estudos clínicos, realizado com mais de 6 mil pacientes, mostrou que o rimonabanto atua nos controle dos fatores de risco cardiometabólico, tais como:>> Redução da circunferência abdominal>> Diminuição dos índices de triglicerídios
>> Aumento do HDL, o bom colesterol
>> Redução dos níveis de hemoglobina glicada, marcador da medida de açúcar no sangue
>> Redução do peso corporal
Na canabbis, a origem
A origem do rimonabanto foi baseada em uma hipótese simples: se um receptor no cérebro, os canabinóides, substâncias ativas da maconha, era responsável por estimular a sensação de fome, bloquear a sua ação não poderia reduzir o apetite e abrir caminho para o desenvolvimento de um novo composto?
Depois de quase 10 anos, as pesquisas revelaram que esses receptores não se encontravam somente no cérebro, mas também estavam presentes nos músculos, fígado, tecido adiposo, e trato gastrintestinal.
Os cientistas conseguiram identificar um composto específico capaz de bloquear o receptor e intensificaram suas pesquisas no sentido de decifrar o seu modo de funcionamento, buscando compreender melhor o sistema endocanabinóide (SEC).
Assim, o rimonabanto se tornou o primeiro bloqueador dos receptores seletivos do SEC. Nos próximos anos, o laboratório pretende ampliar a indicação do remédio, tornando-o uma alternativa de tratamento para os fatores de risco da síndrome metabólica, independentemente da sua prescrição atual.

http://www.parana-online.com.br/noticias/index.php?op=ver&id=341899&caderno=23

Ataque ou Transtorno do Pânico: um mal da contemporaneidade?


Atualizada em 27/04/2008 (20:49)


Ataque ou Transtorno do Pânico: um mal da contemporaneidade?


Marco Aurélio Martins / Agência A TARDE
Irismar de Oliveira, especialista em síndrome do pânico
Carolina Mendonça, do A TARDE On Line


Ao embarcar em um vôo para o Rio de Janeiro, em 2006, a arquiteta Claudia*, 29, começou a sentir palpitações, desconforto abdominal, ondas de calor pelo corpo, mas, acima de tudo, teve a certeza de que ia morrer. Com a impressão de que podia estar ficando "maluca", ela procurou atendimento médico e recebeu o diagnóstico: tinha tido um ataque de pânico. Mais comum entre adultos jovens, principalmente mulheres, a crise pode acometer pessoas que, por algum motivo (orgânico, psicológico ou situacional) estejam passando por um período de intensa ansiedade.
"É uma sensação muito ruim. Naquele momento, você tem certeza de que vai desmaiar ou de que algo horrível vai acontecer. A vontade é de fugir daquele lugar, daquela situação", relata a arquiteta. Mesmo depois de procurar ajuda profissional e iniciar um tratamento medicamentoso, associado à terapia, Claudia ainda passou por uma forte crise, também relacionada à viagens de avião, além de viver situações de pré-Ataque, as quais ela conseguiu controlar com medicação e respiração.
No caso de Beatriz*, 31, as crises duraram cerca de cinco anos. Durante este período, ela chegou a desmaiar em locais públicos. "Não dava tempo de avisar às pessoas ao meu redor do que se tratava. Acho que o corpo não aguentava a pressão", acredita. A advogada admite que, por conta do preconceito, demorou a aceitar a medicação indicada pelo psiquiatra e acredita que isso pode ter colaborado para o descontrole das crises.
Doença - As crises ou Ataques de Pânico fazem parte dos chamados Transtornos de Ansiedade, antigamente chamados de "neuroses". Durante os Ataques, que surgem repentinamente, a pessoa pode sentir extrema ansiedade, sensação de perigo ou morte iminente, falta de ar, dores no peito, tontura, entre outros. Os Ataques expontâneos e contínuos podem caracterizar o Transtorno ou Síndrome do Pânico. Na opinião do presidente da Associação Psiquiátrica da Bahia, Bernardo Assis Filho, a doença não é um “mal do nosso tempo” e sempre existiu, pois a ansiedade - frente aos eventos da natureza, ao desconhecido - acompanha o homem desde os tempos imemoriais, mas não se pode descartar o estresse e as pressões sócio-econômicas como elementos que reforçam este sentimento.
Numa tentativa de “explicar” a doença, formou-se, nos últimos 40 anos, três linhas de pensamento. Uma corrente mais comportamental faz uma associação das crises à elementos que remetem a situações de extrema ansiedade ou medo. A linha ligada à psicanálise acredita que pode haver relação entre um desejo ou sentimento reprimido e o pânico. Há ainda uma corrente que acredita haver algum fator orgânico ou uma relação de hereditariedade. Existem também os que consideram arriscado definir uma causa para o transtorno.“As causas ainda são desconhecidas e podem ser a combinação de vários fatores. Em muitos casos, o trantorno pode ser, inclusive, um sintoma preditivo de depressão”, afirma Assis Filho.
Tratamento – Entre os médicos psiquiatras, não há um concenso em relação à possibilidade de cura da doença, mas é fato que o tratamento adequado pode melhorar bastante a qualidade de vida dos pacientes. Os tratamentos costumam utilizar uma combinação de sessões de terapia e medicações, se necessário. Ultimamente, a psiquiatria tem “apostado” mais nos antidepressivos e nos ansiolíticos, para os momentos de crise.
“Primeiro, deve-se tentar a terapia exclusivamente, principalmente para se ter uma maior clareza diagnóstica. Não conseguindo resultados apenas com as sessões realizadas nos consultórios, deve-se associar também medicamentos”, avalia Assis Filho.
Já o psiquiatra e professor da Faculdade de Psiquiatria da Universidade Federal da Bahia, Irismar de Oliveira, acredita na remissão total do Transtorno, por meio de uma terapia cognitivo-comportamental. Resumidamente, o tratamento consiste na reversão de crenças psicológicas distorcidas, enfrentamento e controle da ansiedade. Oliveira explica que os sintomas dos ataques, que seriam naturais e úteis numa situação real de perigo, são exacerbados involuntariamente, por conta de uma percepção tendenciosa do indivíduo que, diante do pânico instaurado, tende a querer fugir do desconforto extremo. “Com as sessões, em pouco tempo, a pessoa começa a ficar consciente do processo pelo qual está passando. Daí, sai da condição de incapacidade e começa a controlar a ansiedade, com o auxílio da respiração realizada de forma calma”, esclarece.
Ainda de acordo com Irismar, quando necessário o tratamento farmacológico, a escolha recai sobre os antidepressivos, pois os ansiolíticos, como o Valium, trazem o risco de dependência e devem ser usados por tempo muito limitado.
Em todos os casos, no entanto, depois de diagnosticado o Ataque ou Transtorno do Pânico por profissionais da área, os médicos recomendam que a família tenha uma atitude de compreensão e apoio, e nunca confundir a crise com uma “frescura” ou o que costumamos chamar de “pití”. “Quando tinha um Ataque, as pessoas diziam “calma, não é nada, vai passar”, aí meu desespero aumentava”, recorda Beatriz. Os médicos ressaltam que familiares e amigos devem entender que a doença não é uma escolha do indivíduo, portanto, não se deve fazer um julgamento moral da situação.